domingo, 16 de agosto de 2015

Redundantemente, Devotees...


Recentemente me pediram para que escrevesse sobre o devoteísmo e os dias atuais, mais precisamente o devoteísmo e o facebook. E se não me falham as letras e memória, creio que já escrevi algo a respeito...
O facebook em si é um rede social paradoxa, ao mesmo tempo que aproxima as pessoas também afasta, se por um lado oferece privacidade por outro escancara nossas faces.
Bom, mas não quero tergiversar.

Pelo pouco que me chegou e observei, creio que posso fazer algumas considerações.
Alguns deficientes não têm idéia do que seja o devoteísmo. Pois bem, então vou repetir: Devoteísmo é uma parafilia. Parafilia são atrações sexuais paralelas ao que se considera comum, usual. Prefiro não usar o termo "normal". Normal é excludente, normal é limitante. Enfim... Outros exemplos de parafilia: Voyeurismo, Sadomasoquismo, Podolatria, etc... A lista é grande.

Mas qual a essência da atração de um devotee: A deficiência. Quando digo deficiência e não deficientes, faço consciente que a deficiência para um devotee vem antes de qualquer outro atributo que possa ter a pessoa deficiente. E nesse ponto haverá um burburinho, alguns deficientes achando isso o máximo e outros sentindo verdadeira ojeriza. E os devotees o que pensam dessa afirmação? A maioria alega ter uma atração como qualquer outra, fosse por loiras, morenas... Mas isso não é verdade. Parafilias são atrações exercidas além da pessoa, são atrações por um determinado contexto, condição, objeto. Na parafilia existe um deslocamento da atração para um agente desencadeador. No devoteísmo, a deficiência é esse agente.

Por isso veremos alguns devotees homens procurando tanto por mulheres como por homens deficientes, ou seja, não são necessariamente homossexuais, mas comungam de uma atração tão forte pela deficiência que o gênero da pessoa fica em segundo plano.

E, sim, existem devotees homossexuais. 

Entretanto é necessário explicar que... Nem sempre essa atração é consumada com sexo. Muitas vezes o prazer está em observar, fazer parte da vida do deficiente, ter acesso às suas dificuldades e ao seu universo onde a deficiência é o centro. 

Todos temos consciência que os relacionamentos e relações tiveram mudanças desde o início da internete e acredito que outras tantas mudanças com o aparecimento das redes sociais. Para deficientes e devotees não foi diferente.

Não quero me alongar, esse ponto daria um outro texto que pretendo esmiuçar, mas não hoje. Hoje me propus apenas arranhar o momento atual. Com o surgimento do facebook e sua quase unanime aceitação e procura, abriram-se janelas e mais janelas para todo e qualquer tipo de pessoa. Com a deficiência e o devoteísmo obviamente ocorreu o mesmo. Por isso vêmos e veremos em grupos, em páginas, em perfis de deficientes, muito devotees. E nem sempre usando uma imagem que corresponda ao que são e ao que querem. É uma regra? Não. Mas também não vejo como exceção. É comum, bem comum.

Como alguns deles têm se comportado?

Bem, isso fica para um próximo texto...


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Crime e Castigo...

Estranho reabrir o blog. Estranho voltar a esse espaço.  
Alguns textos  sequer me lembrava... Enfim...

Há dias de poesias, a maioria deles, mas há dias que espinhos só são cuspidos através de palavras em prosa. Confesso que meus pensamentos estão  desorganizados mas farei um esforço para seguir uma linha de raciocínio clara  e objetiva no decorrer desse texto.

Quando iniciei por esse caminho sinuoso dentro do universo dos desejos tortos as informações encontradas dentro e fora da net eram mínimas. Nem deficientes e nem devotees sabiam ao certo como proceder, como agir além do flerte inicial. Quando digo flerte, me refiro aos debates, às comunidades, aos contatos. Flerte para o embate ou para enlace. Pessoas dividiram-se como em partidos políticos. Uns defendiam A outros defendiam B. Teorias e experiências foram exploradas. Consenso?  Só entre os filiados a esse ou aquele segmento. Infelizmente.
Houve progressos? Houve, o devoteísmo já não é mais um tema desconhecido. Basta acessar sites de pesquisas ou o  facebook e encontraremos informações. 

Mas, o que me surpreende, e surpreende negativamente é ver entre devotees e não-devotees  a necessidade de negar qualquer elo que tenham tido ou têm ainda com esse universo  ou simplesmente com deficientes. Seria mais palatável e compreensível se essa oposição a qualquer fato que vincule-os a esse contexto adviesse de compromissos, relações afetivas ou sexuais assumidas simultaneamente com deficientes e com não-deficientes.
Não é de direito de ninguém invadir a privacidade alheia e muito menos os desejos alheios. Entendo perfeitamente essa premissa. Mas não vejo porquê medo, medo não, pavor, fobia de algumas pessoas serem vinculadas a nós,  após terem por aqui transitado.
O medo muitas vezes e muitas vezes nos lembra covardia. Não trata-se em alguns casos simplesmente de privacidade ou discrição. Não, é covardia, é vergonha.

Se por um lado temos a covardia, a vergonha, temos do outro nós deficientes. O que há de tão grave em relacionar-se, em sentir desejo por deficientes que possa ser denunciado? Denúncia, lembra-me crime. Crime, lembra-me castigo. Castigo pede perdão. Perdão? Por que? Por acaso somos nós deficientes erros estáticos ou ambulantes a levar à vergonha, ao arrependimento e à punição?
Infelizmente para algumas pessoas somos uma mancha em seus currículos. E acreditem, farão de tudo para que não maculemos suas trajetórias "limpas" perante ao que de fato valorizam, sejam pessoas, carreiras, familias, cargos.

Recentemente após a " denúncia"  da existência desse povo estranho, esquisito, maluco, que conhecemos por devotees, uma moça esteve assiduamente em nosso encalço. Moça essa que conheceria um homem, homem esse devotee. E obviamente, ela não é deficiente e não sabia das preferências do seu eleito. Moça essa que  nos deu a honra e a glória de alguns comentários no blog e em perfis meus e de outros. Perfis e blogs gentilmente cedido por pessoas com alto grau de benevolência e boa vontade.  Não, não estou acusando A ou B, não sou ingênua a esse ponto. Não creio na responsabilidade de uma única pessoa, seja quem for. 
E nem é esse o ponto. A mim tanto faz quem disse ou fez isso ou aquilo. 

O que me causa um enorme espanto é  realmente o medo que sentiram uns e outros diante da descoberta da moça. O que me causa espanto é que ao se fazer ao que chamam " denúncia" já  encaminham com o devoteísmo  e com deficientes o preconceito e a discriminação. E ao invés dos denunciados e das pessoas envolvidas nessa trama ridícula  enfrentarem  o bicho papão de frente ( a moça ), resolveram armar um circo, trocar  acusações,  chantagearem-se e sabe-se lá mais o quê.

Patético. Como diria um velho conhecido. 

O resultado da pantomima? A exposição de um velho e fétido câncer: "A importância do que eu quero parecer ser e não do que eu realmente sou."  E sinceramente, acho muito pior do que qualquer preconceito. Pois preconceito pode ser erradicado através de informações. Nesse caso há conhecimento, há experiências tanto pessoais quanto em debates dentro do nosso universo para que aleguem qualquer desculpa em nome da covardia.

É isso...

Quanto a mim, além do meu já conhecido desprezo por algumas manifestações e manifestantes somo o mesmo desprezo à referida moça,  a chantageados e chantageadores. Algozes e vítimas que trocam de papéis conforme suas necessidades fugindo de si mesmos e não de castigos.