sábado, 20 de outubro de 2012

Elas, as Devotas....




Interessante como ultimamente existe um divisor entre mulheres devotees e homens devotees. Por isso no texto de hoje tento esmiuçar essas diferenças. Tento, pois é complicado dentro do devoteísmo atestar o que é uma característica pessoal ou uma característica geral entre devotees.  No entanto homens são homens e mulheres são mulheres. Não há como negar que por si só a diferença de gêneros  nos apresente referências diferentes,  visões diferentes, sensações diferentes diante de um fato, de uma experiência e aqui diante de uma atração.

É importante deixar claro, que assim como no devoteísmo masculino também no feminino temos várias vertentes e preferências. Nem todas as devotas partilham dos mesmos gostos, mas a maioria prefere polio cadeirante ao contrário dos devotees homens que em sua maioria prefere amputadas. Mas é óbvio que encontraremos devotas universais, de amputados, cuidadoras, etc.

O quê me chama a atenção em algumas devotas principalmente naquelas que não assumem seu devoteísmo é a insistência em correlacionar a atração que sentem ao amor incondicional. Lembro-me que já escrevi a respeito desse "amor incondicional", amor peso, amor cobrança, amor mulher maravilha. Fico a pensar se do outro lado desse amor não existe alguém a sentir-se tão miserável a ponto de achar que não seria capaz de atrair e de conquistar uma mulher se não fosse em nome desse amor incondicional que se de um prisma pode parecer maravilhoso por outro nos leva a acreditar que em hipótese alguma deficientes são capazes de atrair por atrair, despertar interesse e desejo por despertar. Amor incondicional é amar além de, apesar de, mesmo que, apesar de... Não é desejar e sentir prazer exatamente pelo que somos, deficientes.

Sendo o devoteísmo uma atração tão forte pelo universo da deficiência e por deficientes não é surpresa que venha a gerar conflitos e dúvidas tanto para devotees quanto para nós. O que ocorre no devoteísmo feminino é acentuar algumas características assim como nos homens.

Lembro-me de uma devota ainda na comunidade do orkut que relatou a intensidade do que sentia ao ver na época o namorado cadeirante esforçando-se para vencer barreiras diárias como o passar da cadeira para algum lugar ou até mesmo outras mais comuns, desencadeando segundo ela uma alquimia entre instinto maternal e sexual. Também uma outra no antigo Ciadef relatava  quão forte era sua excitação ao manter relações com deficientes. O quê para eles era dificuldade para ela era motivo de prazer. Assim como há devotas que negam ser a atração física  o miolo do fascínio que sentem por deficientes alegando ser antes de tudo a atração pela aura para não dizer alma do deficiente e há aquelas onde a fantasia e o que cerca o deficiente vem a ser mais atraente do que o proprio deficiente. Um dos relatos que mais me chamou a atenção foi justamente um que se pautava na fantasia, no voyerismo, pois relatava essa devota que mesmo tendo se casado com um deficiente sentia-se mais completa masturbando-se ao vê-lo de muletas e claudicando do que mantendo relações com ele.

Enfim, assim como no devoteísmo masculino teremos também diferenças no devoteísmo feminino.  Sei bem que ao relatar aqui algumas peculiaridades dessas mulheres, sim pois são antes de tudo mulheres, estarei colocando em dúvida o bendito amor incondicional que algumas alegam sentir, mas eu vejo essas peculiaridades envoltas na subjetividade feminina confundindo tanto deficientes homens como as proprias mulheres devotees. O que é um paradoxo pois em alguns casos homens deficientes procuram mulheres devotees como se fossem elas garotas de programa, basta no ponto de vista deles, ser devotee para que acatem seus desejos ou curiosidade. 

O ideal seria o equilibrio ainda que haja a atração sexual por deficientes por parte das devotas, mulheres tem a tendência de subjetivar seus desejos. O que acredito ser um erro é não encarar isso de frente, nao encarar a atração pelo corpo sequelado e o que o cerca em prol de um pseudo amor incondicional. É necessario  levar em consideração que para amar é preciso muito mais do que o gatilho de uma atração, nesse caso,  muito mais do que a deficiência de um e o devoteísmo do outro.

Embora eu não seja uma devotee e sim uma deficiente não descarto a idéia que um homem deficiente desperte em nós mulheres nossos instintos mais profundos. Sem esquecer que somos únicos e respondemos aos estímulos sejam quais forem de forma única mesmo dentro de um padrão comportamental.
Hoje o devoteísmo está às claras para quem quiser enxergá-lo, hoje as informações pululam entre os sites, hoje não há espaço e nem motivos para que tentemos mascarar essa atração, ainda que venha vestida - ou despida - para matar, de batom, perfume e salto alto.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Em tempos de Facebook...




Há tempos não escrevo um texto no blog, confesso que por falta de tempo para aqui estar. O interessante é que mesmo mantendo minhas letras em dia em outros sites sinto falta de escrever em nosso Universo. Tenho lido uma coisa e outra quando entro. As observações das deficentes ainda têm um ponto nevrálgico, ou seja, a infidelidade dentro do devoteísmo. Por outro lado temos devotees que ora se agridem ora juntam forças tentando provar que existem devotees fiéis e disposto a um relacionamento monogâmico.

Acredito que existam, ainda não presenciei tal fato, mas tais devotees devem existir. Gostaria de lembrá-los que a internete propicia uma interação maior e consequentemente um trânsito livre embora muitas vezes esse ir e vir seja feito por labirintos e entre névoas, ainda assim para àqueles que buscam “liberdade" sem dúvida via web esse transitar torna-se bastante convidativo. Em um tema tão controvertido como o devoteísmo por mais que insistam que não, esperar que sejamos diferente nesse mar de emails, orkuts, facebooks, sites de relacionamentos diversos é no mínimo utopia. Existe uma variedade muito grande de cores e sabores. Com o tempo, algumas amizades se fortalecem e outras se diluem. Portanto usemos de bom senso ao travarmos contato com esse ou aquele para não cairmos na vala comum dos desinformados.

 É fato que alguns devotees trouxeram esses costumes já de fora da net e fora da nossa atmosfera, mais um motivo para ter cuidado com as tais expectativas. A compulsão e a infidelidade não nasceram dentro da internete, mas dentro da internete encontraram um campo fértil. Em contra partida encontraram também deficientes, ou melhor, pessoas que podem trocar informações com maior facilidade a respeito de qualquer tema ou indivíduo do seu interesse. Gerando assim muitas vezes conflitos entre a liberdade e a privacidade.

Não há inocentes e culpados, há quase sempre uma diferença de foco e de desejo. Mas está claro que deficientes esperam bem mais, muito mais, do que a maioria dos devotees pode ou quer ceder. Mas não é algo inerente apenas ao nosso Universo, os costumes estão mundando, o comportamento humano vem mudando ao longo das últimas décadas. Cada vez mais ficam escassas as relações e a procura por relações estáveis.

E em nosso contexto essa escassez se agrava pela estatística de um número considerável de deficientes e um número não tão considerável de devotees favorecendo-os quando  compulsivos.
Os grupos, os sites, as comunidades hoje são muito mais usados para estabelecer contato entre as pessoas do que propriamente para debates. O que por um lado é ótimo, o medo do desconhecido esvai-se entre uma palavra e outra. A relativa invisibilidade propicia a liberdade de externar desejos contidos e críticas que talvez não chegassem a lugar algum ao menos são lidas.

Mas, quanto aos debates em si... Esses, sinto que vão perdendo espaço, vão cedendo lugar ao deslumbramento e muitas vezes desencantamento consecutivo e instantâneo  pela falta de tato de alguns ao reduzirem deficientes e devotees a meros pedaços de carne a satisfazerem carências e desejos. E, como nem sempre a carne crua é bem digerida, assim também algumas palavras e expressões ao invès de promoverem um entendimento melhor entre os interessados pode sim acarretar um distanciamento maior.

 Diante dessa realidade perdemos a oportunidade de conhecermos um devoteísmo sem máscaras quando com palavras coagimos e inibimos devotees que estão dispostos a um debate sério a se posicionarem honestamente e são raros, bem raros. Da mesma forma que inibimos e coagimos deficientes de colocarem suas dúvidas pelo medo de serem ridicularizadas quando tentam se posicionar sem serem meras respostas ao que anseiam devotees. E essa tal liberdade que tanto ansiamos ao fim restringe-se não a de expressão ou des escolha mas sim e muito  a adubar relações rasas e efêmeras e em nosso universo um grande e imenso rodízio às vezes se faz presente solidificando o devoteísmo compulsivo.  Sem que no entanto estejam cientes devotees e deficientes de que isso não é liberdade, é muito mais viver um devoteísmo fast food.

 Assim é, assim tem sido, grupos e mais grupos surgem no facebook desde àqueles voltados à postagens de fotos eróticas, fotos de nus mais explícitos, conversações mais apimentadas em chats a poucos grupos que buscam debates sobre a relação deficiente/devotees. Se tudo já foi dito, postado, revirado, infelizmente sequer é lido por alguns que simplesmente em nome da liberdade trilham ao que me parece um caminho inverso ao da escolha consciente alimentando inconscientemente a compulsão dentro do devoteísmo. Não digo infidelidade. Para ser fiel é necessario antes um compromisso, um pacto ainda que velado,  isso me parece ainda difícil de acontecer.

Eu sei, nada muito diferente do universo lá fora, mas aqui  há a singularidade de devoteísmo ser um fetiche e que algumas deficientes ainda não se deram conta disso. Por outro lado, alguns homens deficientes parecem se apegar somente ao termo fetiche ao abordar as meninas devotees sem considerar que possam ser diferentes entre si e que estejam buscando cada uma a sua propria historia amorosa ou não. Assim as expectativas muitas vezes seguem um caminho contrario quando lidamos não apenas com deficientes e devotees mas sim com as diferenças entre os sexos e as diferenças, ainda bem, também entre pessoas do mesmo sexo. Tudo isso em nome da liberdade de se postar, curtir, compartilhar, falar e agir sem a responsabilidade de enxergar o outro, como se o outro fosse apenas o reflexo dos seus desejos. Mas nem mesmo o espelho é totalmente fiel ao nos devolver nossas faces...

Regina