terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu, aleijadinha?




Um dos pontos polêmicos do devoteísmo são suas nomenclaturas. Nem todos apreciam rótulos ou denominações. Devotee, para alguns passa hoje em diversos sites a ter o significado que gostariam que tivesse, para alguns amizade, para outros amor à alma, para outros  admiração pela aura do deficiente.  Mas não é bem assim. Devoteísmo é devoteísmo. É um fetiche, é uma parafilia. Gostem ou não. 
Ou não estaríamos falando de devotees.  Estaríamos falando de pessoas que se relacionam com deficientes, incluíndo familiares, amigos, namorados, simpatizantes, e até cuidadores sem serem necessariamente devotees.
Óbvio que dentro de nosso círculo social e familiar poderemos encontrar devotees. Mas é preciso que fique claro que devotees são pessoas atraídas por deficientes independente de ter um vínculo com algum de nós.

O que verte desse conceito são características pessoais de cada devotee, de cada preferência, de cada exigência. Sim pois pra mim um devoteísmo num grau mais elevado é muito mais exigência que preferência.

A partir disso vem outra polêmica, o estranhamento e a negação com o prazer que sentem devotees com outros rótulos, outros adjetivos a nós direcionados. Entre eles, aleijados, tortos, mancos, etc... 

Oras, sou ou não sou uma aleijada?

O significado de aleijado segundo o dicionario online de português é o seguinte:

Adj. Que tem algum aleijão; mutilado, estropiado, paralítico.

Pois sou uma aleijada! Sou amputada. Nada irá mudar isso. O termo "aleijada" soa pejorativo, soa desqualificativo, soa uma diminuição, soa quase um xingamento dependendo do contexto.
Mas em outro contexto, no contexto do devoteísmo,  esse mesmo termo é quase uma provocação sensual, um apelo sexual e erótico.  Sei que parece estranho e de mau gosto. Mas se um devotee sente atração por deficientes, sente atração por nossos aleijões. É isso que os atrai. Mesmo aos devotees cuidadores platônicos  buscam em nós nossas sequelas e mazelas. Assim nada mais excitante para alguns devotees do que usar o termos "aleijadinha", "amputadinha" e outros como forma vocativa de carinho.

Já, para as deficientes, se estiverem realmente à vontade dentro de uma relação com um devotee e esse devotee souber trabalhar seus conflitos  deixarão com o tempo todo o peso que possam ter adquirido ao serem apontadas como menos, como inferiores quando chamadas de aleijadas.  
Será quase uma catarse. E catarses trazem à tona todos os nossos sentimentos negativos libertando de velhos e pesados traumas...

É isso...

Regina

Um comentário:

lato2001pt@yahoo.com.br disse...

Muito boa analise. Os termos que a luz do politicamente correto seria prejorativo, acaba por ter outra conotação em uma relação afetuosa, tipo: negrinha, mulata, negrão, feia, amputadinha, alejadinha. A poesia é a arte de aproximar os opostos, e isso pra mim, não querendo ter razão no debate, soa com um tentativa de poetizar a relação. Vlw, Regina.

Lato Bra.