segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Eu prefiro... Eu desejo... Eu exijo...



Então é isso... Apesar de no fetichismo encontrarmos o foco da sexualidade em partes do corpo, lugares, roupas ou funções específicas e essa atração muitas vezes passar a linha limite da preferência para exigência, ainda assim há quem pense  e afirme que devoteísmo seja uma mera atração como por loiras, morenas, etc...
Bem sei que não. Tanto não é que dentro do devoteísmo existe uma hierarquia ou uma qualificação de acordo com os gostos de cada devotee.

Pode parecer um tanto frio esse ponto de vista, mas assim é. Há no devoteísmo diferentes exigências. Falo em exigências para que fique claro que ser devotee não é algo que se possa escolher ou determinar um prazo de validade.  Aos olhos dos devotees, ao toque dos devotees haverá sempre um brilho e uma intensidade maior quando se depararem com uma deficiente.

Há tempos idos, ainda em salas de bate papo, já existia uma separação entre dois grupos dentro do devoteísmo: Devotees Ortodoxos e Devotees Heterodoxos. Ou seja, devotees ortodoxos seriam pessoas com apenas um foco de atração e heterodoxos por mais de uma... Quase sempre ortodoxos preferem ou exigem amputadas e heterodoxos amputadas e outras.  É preciso dizer sempre que há exceções, há devotees com uma gama de atração considerável sem no entanto apreciarem amputadas, mas são exceções.

Hoje, aqui no Brasil é mais comum dizer Devotees de Amputadas e Devotees Universais...  E em alguns países devotees são considerados apenas pessoas que sentem atração por amputadas e admiradores os que estendem essa atração...  Independentemente de como sejam separados esses dois grupos é fato que um sente atração apenas por amputadas e o outro por mais de uma deficiência ou diversas deficiências quase sempre incluíndo amputadas.

Nessa hierarquia do devoteísmo universal ou heteredoxos ou admiradores, amputações estão em primeiro lugar seguido de pólio,cadeirantes por pólio, paraplegia e outras. O que não quer dizer  que não existam exceções, existem, óbvio.

Parece ser um pouco confuso, mas com o tempo vamos assimilando tantos labirintos.

Dentro das amputações ainda existem suas proprias hierarquias. A maioria dos devotees apreciadores de amputações tem no seu topo das atrações, amputações de membros inferiores acima do joelho ou bilaterais.  Também em alguns casos preferem que suas musas não utilizem de próteses para ter um maior acesso aos olhos e ao toque dos cotos.

Talvez soe estranho, mas se formos realistas, não há como ser diferente. São as amputações, é o nosso universo que os atrai, uma hora ou outra o toque, o desejo pelos cotos irá entrar em erupção por mais que esses desejos em uma primeira visão choquem.

Quanto as demais deficiências o mesmo ocorre, são os membros sequelados a atrairem homens e mulheres, é a condição limitada pelo físico que atrai.

Se isso não for aceito, se isso não for o mote do devoteísmo, não é devoteísmo. Mesmo que sejam devotees platônicos é a deficiência que os atrai e ponto e pronto. Acredito que negar isso seja hipocrisia.

A partir da aceitação do devoteísmo tal como é,  tudo fica mais simples. Encarar que haja uma escala hierárquica sem falso moralismo e sem melindres é outro ponto que pode e muito ajudar-nos a nos entendermos melhor sem falsas expectativas e sem cobranças  indevidas.

Portanto, eles preferem... Eles gostam... Eles desejam... Eles exigem que... E nós deficientes podemos gostar ou não gostar, preferir ou não preferir, exigir ou não exigir, desejar ou não desejar um devotee ou varios... Mas eles,  eles, não. Eles não têm escolhas entre o "sim" e o "não". Quando se é devotee existe apenas um caminho, o "sim". Mesmo que não aceitem-se como tal... A deficiência sempre estará provocando seus sentidos.

É isso.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Eu, aleijadinha?




Um dos pontos polêmicos do devoteísmo são suas nomenclaturas. Nem todos apreciam rótulos ou denominações. Devotee, para alguns passa hoje em diversos sites a ter o significado que gostariam que tivesse, para alguns amizade, para outros amor à alma, para outros  admiração pela aura do deficiente.  Mas não é bem assim. Devoteísmo é devoteísmo. É um fetiche, é uma parafilia. Gostem ou não. 
Ou não estaríamos falando de devotees.  Estaríamos falando de pessoas que se relacionam com deficientes, incluíndo familiares, amigos, namorados, simpatizantes, e até cuidadores sem serem necessariamente devotees.
Óbvio que dentro de nosso círculo social e familiar poderemos encontrar devotees. Mas é preciso que fique claro que devotees são pessoas atraídas por deficientes independente de ter um vínculo com algum de nós.

O que verte desse conceito são características pessoais de cada devotee, de cada preferência, de cada exigência. Sim pois pra mim um devoteísmo num grau mais elevado é muito mais exigência que preferência.

A partir disso vem outra polêmica, o estranhamento e a negação com o prazer que sentem devotees com outros rótulos, outros adjetivos a nós direcionados. Entre eles, aleijados, tortos, mancos, etc... 

Oras, sou ou não sou uma aleijada?

O significado de aleijado segundo o dicionario online de português é o seguinte:

Adj. Que tem algum aleijão; mutilado, estropiado, paralítico.

Pois sou uma aleijada! Sou amputada. Nada irá mudar isso. O termo "aleijada" soa pejorativo, soa desqualificativo, soa uma diminuição, soa quase um xingamento dependendo do contexto.
Mas em outro contexto, no contexto do devoteísmo,  esse mesmo termo é quase uma provocação sensual, um apelo sexual e erótico.  Sei que parece estranho e de mau gosto. Mas se um devotee sente atração por deficientes, sente atração por nossos aleijões. É isso que os atrai. Mesmo aos devotees cuidadores platônicos  buscam em nós nossas sequelas e mazelas. Assim nada mais excitante para alguns devotees do que usar o termos "aleijadinha", "amputadinha" e outros como forma vocativa de carinho.

Já, para as deficientes, se estiverem realmente à vontade dentro de uma relação com um devotee e esse devotee souber trabalhar seus conflitos  deixarão com o tempo todo o peso que possam ter adquirido ao serem apontadas como menos, como inferiores quando chamadas de aleijadas.  
Será quase uma catarse. E catarses trazem à tona todos os nossos sentimentos negativos libertando de velhos e pesados traumas...

É isso...

Regina