segunda-feira, 28 de maio de 2012

Autoestima e Devoteísmo...

 
 
Autoestima segundo a wikipedia tem o seguinte conceito:

"Em psicologia, autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003)."

A partir dessa premissa quero falar um pouco de como a autoestima do deficiente poder a vir a ter alterações em contato com o devoteísmo.
Por mais que escrevamos e digamos que ser deficiente nos dias de hoje seja diferente de há alguns anos, não podemos fingir que somos vistos como pessoas convencionais. Através do olhar do outro muitas vezes a nossa auto-estima se deteriora, pois fazemos dos olhares alheios o nosso próprio espelho.

Uma situação muito comum para os/as deficientes, é serem vistos como bons amigos, como bons companheiros ou confidentes. Enfim em um meio social que cultua o convencional passam a ser assexuados. Quando saem dessa linha, quando ousam, os comentarios feitos são em sua maioria em tom de deboche e preconceito.

Onde entra o devoteísmo em meu raciocínio? Não sou mais uma neófita nesse universo e nem os olhares alheios me atingem. Mas não posso desconsiderar o efeito que o devoteísmo possa ter em qualquer deficiente, homem ou mulher, em sua autoestima em um primeiro contato.
Principalmente se o meio em que vive for inóspito.

No devoteísmo tudo que era negativo passa a somar, passa a encantar, revira-se as entranhas do convencionalismo para ser uma obra de arte surreal apreciada e desejada como tal. A autoestima do deficiente passa por uma transformação. Há aqueles deficientes que negam esse encantamento, negam o fascínio dos desejos tortos, negam serem vistos como objetos, segundo eles. Mas ainda assim, têm consciência que são desejados.

E existem aqueles que se deixam levar pelo devoteísmo como se fosse uma droga para todos os dissabores que possam ter tido em suas vidas enquanto deficientes.
Mas nesse caminho muitas magoas podem se acumular. Não é segredo para ninguém que dentro do devoteísmo temos as mais variadas personalidades e formas de exercer essa atração. Então a mesma autoestima que um dia teve seu up, começa a pregar peças na necessidade de não se manter mais em alta se não tiver contatos efetivos com devotees.

No vai e vem dos devotees, surgem as dúvidas: “O que tem de errado comigo? Se sou deficiente, por que eles não me querem além de uma noite, duas, ou por que não sou a única?”
A autoestima consequentemente cai consideravelmente nesses casos a ponto de se sujeitarem a receber migalhas na ânsia de fugazes momentos em que se sintam bem novamente.

Mas o problema não está no/na deficiente e sim nesses relacionamentos que vão perpetuando o mito que ser devotee é ser colecionador, que ser devotee é ser compulsivo, que ser devotee é ter quantas mulheres quiser e sempre com a conivência das mesmas.

Se existe a compulsão, se existem as coleções, se a idéia de que o devoteísmo não comporta outro tipo de relacionamento se não o aberto, é porque os/as deficientes compactuam com isso.

A autoestima retrata com exatidão como se processam as relações devotee/deficiente. Pois se nos acostumamos ao que é ruim esquecemos que podemos ter relacionamentos muito melhores até mesmo dentro do devoteísmo.

O equilíbrio se faz necessário em nosso Universo. É preciso sim, ter uma autoestima elevada para que não nos deixemos atropelar por preconceitos que trazemos através dos anos, mas essa autoestima que se modifica com o conhecimento do devoteísmo não pode e não deve pautar nossas vidas e nem nossas relações humanas. Digo humanas pois vejo que muitas vezes os/as deficientes se atropelam sem um resquício de dignidade. O importante é ter no devoteísmo um incentivo, uma forma de relacionamento, mas não fazer dele o centro de nossas vidas. Um/a deficiente que pauta sua autoestima colecionando devotees ou almejando se relacionar com esse ou aquele mesmo sabendo do comprometimento existente entre algumas deficientes e alguns devotees não pode mais tarde fazer cobrança alguma, pois nem mesmo terá sua autoestima em socorro.

É um caminho degradante, infelizmente.

Autoestima e ego se completam quando um e outro dentro do devoteísmo conseguem se suprir sem violentar a dignidade.

Regina

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