Interessante como ultimamente existe um divisor entre mulheres devotees e homens devotees. Por isso no texto de hoje tento esmiuçar essas diferenças. Tento, pois é complicado dentro do devoteísmo atestar o que é uma característica pessoal ou uma característica geral entre devotees. No entanto homens são homens e mulheres são mulheres. Não há como negar que por si só a diferença de gêneros nos apresente referências diferentes, visões diferentes, sensações diferentes diante de um fato, de uma experiência e aqui diante de uma atração.
É
importante deixar claro, que assim como no devoteísmo masculino também
no feminino temos várias vertentes e preferências. Nem todas as devotas
partilham dos mesmos gostos, mas a maioria prefere polio cadeirante ao
contrário dos devotees homens que em sua maioria prefere amputadas. Mas é
óbvio que encontraremos devotas universais, de amputados, cuidadoras,
etc.
O quê me chama a atenção em algumas devotas principalmente naquelas que não assumem seu devoteísmo é a insistência em correlacionar a atração que sentem ao amor incondicional. Lembro-me que já escrevi a respeito desse "amor incondicional", amor peso, amor cobrança, amor mulher maravilha. Fico a pensar se do outro lado desse amor não existe alguém a sentir-se tão miserável a ponto de achar que não seria capaz de atrair e de conquistar uma mulher se não fosse em nome desse amor incondicional que se de um prisma pode parecer maravilhoso por outro nos leva a acreditar que em hipótese alguma deficientes são capazes de atrair por atrair, despertar interesse e desejo por despertar. Amor incondicional é amar além de, apesar de, mesmo que, apesar de... Não é desejar e sentir prazer exatamente pelo que somos, deficientes.
Sendo o devoteísmo uma atração tão forte pelo universo da deficiência e por deficientes não é surpresa que venha a gerar conflitos e dúvidas tanto para devotees quanto para nós. O que ocorre no devoteísmo feminino é acentuar algumas características assim como nos homens.
Lembro-me de uma devota ainda na comunidade do orkut que relatou a intensidade do que sentia ao ver na época o namorado cadeirante esforçando-se para vencer barreiras diárias como o passar da cadeira para algum lugar ou até mesmo outras mais comuns, desencadeando segundo ela uma alquimia entre instinto maternal e sexual. Também uma outra no antigo Ciadef relatava quão forte era sua excitação ao manter relações com deficientes. O quê para eles era dificuldade para ela era motivo de prazer. Assim como há devotas que negam ser a atração física o miolo do fascínio que sentem por deficientes alegando ser antes de tudo a atração pela aura para não dizer alma do deficiente e há aquelas onde a fantasia e o que cerca o deficiente vem a ser mais atraente do que o proprio deficiente. Um dos relatos que mais me chamou a atenção foi justamente um que se pautava na fantasia, no voyerismo, pois relatava essa devota que mesmo tendo se casado com um deficiente sentia-se mais completa masturbando-se ao vê-lo de muletas e claudicando do que mantendo relações com ele.
Enfim, assim como no devoteísmo masculino teremos também diferenças no devoteísmo feminino. Sei bem que ao relatar aqui algumas peculiaridades dessas mulheres, sim pois são antes de tudo mulheres, estarei colocando em dúvida o bendito amor incondicional que algumas alegam sentir, mas eu vejo essas peculiaridades envoltas na subjetividade feminina confundindo tanto deficientes homens como as proprias mulheres devotees. O que é um paradoxo pois em alguns casos homens deficientes procuram mulheres devotees como se fossem elas garotas de programa, basta no ponto de vista deles, ser devotee para que acatem seus desejos ou curiosidade.
O ideal seria o equilibrio ainda que haja a atração sexual por deficientes por parte das devotas, mulheres tem a tendência de subjetivar seus desejos. O que acredito ser um erro é não encarar isso de frente, nao encarar a atração pelo corpo sequelado e o que o cerca em prol de um pseudo amor incondicional. É necessario levar em consideração que para amar é preciso muito mais do que o gatilho de uma atração, nesse caso, muito mais do que a deficiência de um e o devoteísmo do outro.
Embora eu não seja uma
devotee e sim uma deficiente não descarto a idéia que um homem
deficiente desperte em nós mulheres nossos instintos mais profundos. Sem
esquecer que somos únicos e respondemos aos estímulos sejam quais forem
de forma única mesmo dentro de um padrão comportamental.
Hoje o devoteísmo está às claras para quem quiser enxergá-lo, hoje as informações pululam entre os sites, hoje não há espaço e nem motivos para que tentemos mascarar essa atração, ainda que venha vestida - ou despida - para matar, de batom, perfume e salto alto.